Bibliotecário

O Bibliotecário de Arcimboldo

O Bibliotecário é um triunfo da arte abstrata no século XVI. […] Não há nada mais espirituoso ou mais próximo da arte abstrata do que este inteligente quadro. (Bruno Geiger)

A composição “O Bibliotecário” é uma obra do famoso pintor italiano Giuseppe Arcimboldo, retratista oficial na corte dos Habsburgos. A figura retratada, segundo alguns, é Wolfgang Lazius, humanista e historiador que serviu à Casa de Habsburgo. O artista apresentava os retratados em suas atividades profissionais, ou seja, por meio de objetos associados à ocupação de cada um.

A figura composta por livros, cuja posição dá forma a um busto masculino, encontra-se de frente para o observador. Aparenta inteligência e elegância. A cortina drapeada, que cai sobre seu ombro esquerdo, como se fora uma beca, dá-lhe um ar de mestre. Um livro aberto sobre sua cabeça possivelmente alude a seus cabelos brancos. Os marcadores, que saem dos dois livros que servem de base, representam seus dedos. Sua barba é composta por caudas de animais, que eram usadas à época como espanadores. Um livro vertical, à direita, representa sua face esquerda e a fita alaranjada compõe a orelha. Um livro na vertical compõe seu nariz, enquanto parte de dois outros, alaranjados, formam a boca. As chaves (da biblioteca) formam os olhos e os óculos do blibliotecário.

A pintura faz parte da coleção de Skokloster Castle, tendo sido trazida para a Suécia, quando na Batalha de Praga, em 1648, o exército sueco saqueou o Castelo de Praga. Como o artista não assinava suas pinturas, com raras exceções, outras versões de O Bibliotecário têm sido encontradas, contudo, não tem sido possível atribuí-las ao artista. E mesmo esta é tida como uma cópia posterior da pintura original, de paradeiro desconhecido, depois de um estudo científico publicado em 2011. Em razão de seu trabalho criativo, o artista é tido por muitos como um dos precussores da arte moderna. Aqui, chama a atenção a delicadeza da capa dos exemplares que compõem a figura.

Ficha técnica
Ano: c. 1566
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 97 x 71cm
Localização: Skoklosters Slott, Balsta, Suécia

Fontes de Pesquisa:

Arcimboldo/ Editora Paisagem
http://www.historyofinformation.com/expanded.php?id=3183
https://www.nga.gov/exhibitions/2010/arcimboldo/arcimboldo_brochure


Juramento do Bibliotecário

Bacharel em Biblioteconomia. Universidade Santa Cecília, 19 de dezembro de 2022.

“PROMETO TUDO FAZER PARA PRESERVAR O CUNHO LIBERAL E HUMANISTA DA PROFISSÃO DE BIBLIOTECÁRIO, FUNDAMENTADO NA LIBERDADE DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA E NA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.”

(Juramento regulamentado pela Resolução Nº 6, de 13 de julho de 1966, do Conselho Federal de Biblioteconomia {CFB}).

“A Deus pela dádiva da vida, me guiando sempre pelos caminhos retos, dando-me forças para receber, oportunidade de aprender, trocar experiências, tornar-me profissionalmente consciente.

Com a ajuda divina, hoje tenho a certeza de que os meus objetivos podem ser alcançados, basta querer, assim esse momento representa apenas mais um passo em direção a jornada profissional. 

Ao receber o diploma de Bacharel em Biblioteconomia, sinto uma mistura de gratidão, entusiasmo e responsabilidade. Durante anos, mergulhei nos estudos, absorvendo conhecimentos sobre a ciência da informação, a gestão de acervos, a catalogação e tudo aquilo que compõe o universo das bibliotecas.

Mas hoje, ao proferir o juramento do bibliotecário, percebo que minha formação vai além das habilidades técnicas. Trata-se de um compromisso com valores essenciais, como a liberdade de investigação científica e a aprendizagem da pessoa humana.

A biblioteconomia é uma profissão que possui um cunho liberal e humanista, onde a busca pelo conhecimento e o acesso à informação são pilares fundamentais. Como bibliotecário, prometo preservar esses valores, mantendo-me fiel aos princípios éticos que regem a nossa prática.

Através do meu trabalho, estarei sempre empenhado em facilitar o acesso à informação, promover a leitura, incentivar a curiosidade intelectual e contribuir para o desenvolvimento cultural e educacional da sociedade. Serei um guardião dos tesouros literários, responsável por organizar, preservar e disponibilizar o conhecimento acumulado ao longo dos séculos.

Hoje, ao cruzar esse marco significativo em minha jornada profissional, reconheço que sou parte de uma comunidade de bibliotecários dedicados, apaixonados pela missão de conectar pessoas e conhecimento. Juntos, formamos uma rede de agentes transformadores, capazes de influenciar positivamente vidas e sociedades.

Assumo o compromisso de ser um bibliotecário exemplar, sempre atualizado, aberto ao diálogo, respeitando a diversidade de pensamentos e atendendo às necessidades dos usuários da informação. Buscarei constantemente aprimorar minhas habilidades, aprender com os colegas e compartilhar meu conhecimento com generosidade.

Agradeço à Universidade Santa Cecília por ter me proporcionado uma formação sólida e aos professores que compartilharam seu conhecimento e experiência. Agradeço também à minha família e amigos pelo apoio incondicional ao longo dessa jornada.

Hoje, o diploma em minhas mãos representa não apenas um título acadêmico, mas o início de uma trajetória repleta de desafios, aprendizados e emoções. Estou preparado para enfrentar cada etapa com experiência e paixão, sabendo que a minha contribuição como bibliotecário será valiosa e significativa.

Que esta profissão seja uma fonte de constante inspiração, permitindo-me ser um agente de mudança positiva no mundo das bibliotecas e além. Que a minha jornada como bibliotecário seja repleta de descobertas, encontros enriquecedores e histórias compartilhadas.

Com o juramento do bibliotecário ecoando em meu coração, assumo com orgulho a responsabilidade de preservar o conhecimento, promover o acesso à informação e cultivar o amor pelos livros. Que a minha jornada seja marcada por uma dedicação inabalável em servir à sociedade, confiante para um mundo mais aconselhado, culto e justo.

Estou pronto para trilhar esse caminho como bacharel em biblioteconomia, levando comigo a chama do conhecimento, a paixão pela leitura e a passagem de que a biblioteca é um farol de sabedoria e transformação.

Que essa jornada seja grandiosa e iluminada, e que o legado deixado por cada bibliotecário inspire futuras gerações a explorar o universo infinito de possibilidades que se encontram nas páginas de um livro."

Com essa mensagem, celebro o meu diploma de Bacharel em Biblioteconomia, abraçando a missão de ser um bibliotecário comprometido com a promoção do conhecimento, a preservação da cultura e o acesso à informação para todos.

Maurício de Souza Lino
Bibliotecário
Registro do CRB-8
SP-010857/0

Professor, Comendador Theodoro Correa Cintra.

Seus pais foram Aristides Lopo Correa e Júlia Theodorica Cintra. Moravam em passos, MG, uma cidade bem ao padrão mineiro, com suas igrejas barrocas, suas festas tradicionais e sua vida interiorana. A casa onde viviam – ainda hoje de pé - localizava-se nas proximidades da pequena igreja da Penha, uma bela capela em formato octogonal.

Filho primogênito, nasceu na cidade mineira de Passos em 9 de novembro de 1914, onde exerceu o magistério, durante a década de 1940 e foi diretor de uma escola primária, onde não só todos os seus irmãos estudaram como também outras crianças da vizinhança. Foi encaminhado ao seminário de Guaxupé – a aproximadamente 90 km de Passos, onde estudou durante alguns anos.

Sua vida, porém, tomou outro rumo: deixando o seminário, formou-se professor e diretor e veio a se casar com Aracy Fonseca Corrêa (conhecida como Cici). Teve uma numerosa prole de 11 filhos: Maria Glória, Maria da Graça, José Antonio, Clarisse Maria, Maria José, Regina Maria, Maria Áurea, Lucia Maria e Maria de Lourdes e os gêmeos, José Francisco e Maria Aparecida, conhecidos como Lilo e Lila. A família das "Marias e Josés".

Educador por vocação, aportou em Campos do Jordão em 1948, quando a semente do Ginásio Municipal havia sido lançada. Instalou-se com os 11 filhos em casa residencial na Rua Altino Arantes, onde atualmente funciona a Biblioteca Municipal “Harry Mauritz Lewin”.

A primeira aula inaugural do Ginásio Municipal em Campos do Jordão foi proferida em 10 de maio de 1949, presente o Governador Adhemar de Barros. Aberta a sessão pelo professor Theodoro Correa Cintra, o primeiro diretor do Ginásio Municipal, a aula inaugural foi dada pela professora La Salete Alpoin, que discorreu sobre as finalidades da escola. Foi o primeiro e único diretor do Ginásio Municipal.

Em 02 de janeiro de 1950 foi inaugurado o Ginásio Estadual, sob a sua direção e, em 23 de março, foi criado o Colégio Estadual. Em 10 de janeiro de 1950 foi nomeado os primeiros professores secundários para o Ginásio Estadual (matemática).

O Colégio Estadual e Escola Normal foi a sala de visitas de cidadãos célebres e de importantes autoridades estaduais e federais que, logo que desembarcavam na Estância, o prefeito Paulo Cury os levava para serem homenageados e recepcionados no Salão Nobre da Escola. Quando terminavam as sessões e eventos, o professor Theodoro Correa Cintra dizia: “Cristo Vive, Reina e Impera” ao que os alunos repetiam unissonamente.

No ano de 1949, existiu um grupo precursor de escoteiros denominado “Oyaguara”, dirigido pelo professor Theodoro Corrêa Cintra. (No início da década de 1960, na presença do prefeito municipal, Dr. José Antonio Padovan, e sob a presidência do engenheiro Marcos Wulf Siegel, foi implantado o “Grupo Jaguara” de escoteiros e lobinhos. Faziam parte da diretoria o professor Harly Trench, Amadeu Carletti Jr. e Arakaki Masakazu. A sede provisória do “Grupo Jaguara” funcionava ao lado do antigo Colégio e Escola Normal Estadual de Campos do Jordão – CEENE).

O professor Theodoro Correa Cintra dirigiu o Ginásio Estadual até 30 de outubro de 1950, fixando-se em seguida em Taubaté, onde fundou o Colégio Taubateano, exercendo intensa atividade: instituiu a Caritas Diocesana para prestar auxílio às comunidades carentes, construiu albergues noturnos, comandou a construção do Monumento do Cristo Redentor, dirigiu o jornal católico “O Lábaro”, apresentando diariamente o famoso programa “Minuto Azul da Ave Maria”, que perdurou por 26 anos.

Nesta cidade, foi uma estrela no firmamento da caridade. Fez da caridade uma bandeira que desfraldou do berço ao túmulo. Toda sua vida foi de crença e amor a Deus e em Cristo, sempre presente nas suas pregações. Nasceu pobre e morreu pobre.

Com as pessoas importantes que dele se acercavam poderia usufruir em benefício próprio e não o fez. Só pediu para os humildes. No mercado municipal de Taubaté, pedia para os pobres.

Recebeu do Papa João XXIII o título de “Cavaleiro da Ordem de São Silvestre”. Ordem de São Silvestre é uma ordem honorífica do Estado do Vaticano. Foi regulamentada pelo Papa Pio X em 7 de fevereiro de 1905, dividindo-a em duas ordens, uma com o nome de São Silvestre e outra com o nome de Ordem da Milícia Dourada. É atribuída aos católicos que se notabilizaram no exercício da sua profissão, recomendada por padres, bispos ou Núncio Apostólico. O papa João Paulo II, estendeu esta ordem também às senhoras. É atribuída diretamente pelo Papa, como Sumo Pontífice, chefe da Igreja Católica e chefe de Estado do Vaticano.

A ordem tem quatro classes: Cavaleiro de Grã-Cruz/Dama de Grã-Cruz; Comendador com Placa/Comendadora com Placa; Comendador/ Comendadora; e Cavaleiro/Dama.
Vereador em Taubaté, Theodoro Correa Cintra aposentou-se em 15 de fevereiro de 1975, vindo a falecer a 15 de fevereiro de 1976, estando o seu corpo sepultado no Cemitério da Venerável Ordem Terceira, em Taubaté.

O "Minuto Azul da Ave Maria" perdeu a cor e a eloquência de suas palavras. O grande desfile da pobreza ante seu caixão foi o atestado vivo de uma vida útil. Que mais poderá querer um homem na Terra, senão, ser carregado até a última morada, pelos pobres e desgraçados que ele, em vida, ajudou a matar a fome e cobrir o corpo nu?

Se existe céu, deve estar engalanado e repleto de cânticos com a chegada do irmão ilustre que tão útil foi na Terra. Se não existe, ele terá por muito, sua sepultura empapada com as lágrimas de seus queridos assistidos. Morreu santamente, como santamente viveu, Theodoro Corrêa Cintra.

O Cristo Redentor na cidade de Taubaté foi erguido na Colina de São Pedro, a 70 mts. acima do nível médio da cidade e de onde se descortina um espetáculo maravilhoso do Vale do Paraíba. O monumento abriga a Cáritas Diocesana, com 10 departamentos assistenciais em pleno desenvolvimento. Foi construído com o auxílio de milhares de ouvintes do programa "Minuto Azul", transmitido diariamente, há mais de 15 anos, pelas emissoras da Rádio Difusora de Taubaté, sob a direção do Professor e Comendador Theodoro Correa Cintra.

Pela Lei Estadual nº 1.004, de 28 de junho de 1976, o Ginásio Estadual (CENE) passou a denominar-se “Professor Theodoro Correa Cintra”, em decorrência de projeto de lei do deputado Armando Souza Pinheiro.

Garcílio da Costa Ferreira.
Gilberto da Costa Ferreira – Historiador
Maurício de Souza Lino - Historiador



Professor Harry Mauritz Lewin

O prof. Harry Mauritz Lewin, nasceu em 25 de julho de 1909, no antigo Distrito Federal do Rio de Janeiro.

No ano de 1914, com apenas cinco anos de idade, foi para a Inglaterra, na cidade de Cambridge, e lá permaneceu até 1920, quando completou 19 anos. Daí seu total domínio do idioma inglês, falando e escrevendo fluentemente, com grande habilidade, durante boa parte de sua vida. Além dos idiomas, português e inglês que dominava com grande fluência, tinha muita facilidade e bom domínio com outros idiomas, dentre eles, o espanhol, o francês, o italiano, o sueco, alemão e até o grego, considerando que no auge de sua juventude, dominando vários idiomas, foi indicado como adido na Embaixada de Israel, na Grécia.

Chegou a Campos do Jordão para tratamento de saúde em 1940 e foi lecionar no Grupo escolar “Dr. Domingos Jaguaribe” para a 3ª série primária. Como excelente professor, dedicou-se a ensiná-la, a inúmeros alunos que o procuravam para aprender um pouco dessa língua quase universal.

Nas décadas de 1950 a 1970, chegou a lecionar matemática no CEENE – Colégio Estadual e Escola Normal Estadual de Campos do Jordão, administrando aulas de geografia, história, francês, inglês; a física e outras matérias relevantes, como matemática, e, eventualmente, trabalhos manuais.

Juntamente, com um grupo de amigos, prestou atividades na Biblioteca Municipal de Campos do Jordão por muitos anos, desde a época do prefeito Dr. José Antonio Padovan, até a sua morte em 07 de março de 1971. 

Na Biblioteca, além de orientar e participar efetivamente de toda a sua organização e montagem, organizou diversos cursos dos quais era o professor: Admissão ao Ginásio e principalmente a matemática e o inglês.

Salvou a vida de inúmeros estudantes, especialmente em épocas de provas e de exames de segunda época, modalidade de provas que existiam antigamente para aferir os conhecimentos daqueles que não conseguiam a média necessária para a aprovação direta (em primeira época), aos quais ficava faltando alguns pontos percentuais para aprovação necessária.


Fonte Bibliográfica:

PAULO FILHO, Pedro. TCC, A Luta e a Vitória. 2017. Disponível em: <http://www.pedropaulofilho.com.br/cronica_61_tcc.php>. Acesso em: 31 mar. 2017.


Maurício de Souza Lino,
Bibliotecário,
Historiador
Professor,
Escritor.


     
                     O Bibliotecário

Bibliotecário, Cientista da Informação, Gestor de Informação, Analista de Informação, Arquiteto de Informação, Cybertecário, Biblioteconomista, Consultor de Informação, Especialista de Informação, Gerente de Informação...

No passado, as atividades da Biblioteca voltavam-se para o seu acervo como única fonte de informação. Sua imagem estava associada com a ideia de um espaço que se assemelhava a um depósito de livros, onde o bibliotecário desempenhava o papel de guardião. Necessário se fez a recuperação da sua função social, sobrepor a ideia e “armazenamento do saber”, e assimilar que, no contexto atual, a Biblioteca é uma rede de serviços de informação, e não mais a coleção estática de impressos e audiovisuais.

A inserção das tecnologias na vida da biblioteca e seus profissionais estão transformando substancialmente as suas concepções e seu papel. Estão centradas na informação, independente do suporte em que esteja registrada. Tecnologias que facilitam a reprodução da informação nessa variedade de formatos, ocasionando uma grande avalanche informacional. Apresenta-se como um centro dinâmico da informação. Toda nova tecnologia de informação torna-se uma nova parte das coleções de bibliotecas.

Mas as bibliotecas têm sido sempre mais do que as suas coleções, também. Há uma abundância de bibliotecas sem livros. O único requisito para que algo seja uma biblioteca é que tenha bibliotecários: Cientista da Informação, Gestor de Informação, Analista de Informação, Arquiteto de Informação, Cybertecário, Biblioteconomista, Consultor de Informação, Especialista de Informação, Gerente de Informação, entre outros.

A biblioteca é mais do que apenas livros. Os livros nem sequer são a parte mais importante. Livro é apenas um suporte. Há bibliotecas sem livros! Sim, a parte mais importante de uma biblioteca são as pessoas que lá trabalham, que lá frequentam, por vezes, até mesmo aquelas que dão só uma espreitadela. Porque pode haver bibliotecas sem livros, mas uma biblioteca sem pessoas é uma coisa morta.

Bibliotecas cinzentas, silenciosas e com livros fechados em estantes fazem parte do passado. Ir à biblioteca é agora sinônimo de realização de atividades criativas, inovadoras e motivadoras, num cenário colorido e interativo. E quase todas as atividades passam pela biblioteca, palco de projetos de leitura, artes, cinema, literacia digital, teatro, entre muitos outros.

A Biblioteca é uma memória da vida. Nas palavras de Jorge Luís Borges, “Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de biblioteca”. O amor pelos livros, as nossas primeiras aquisições e a biblioteca que formamos acompanham as nossas memórias e fazem parte da nossa história. O escritor e humorista estadunidense, Mark Twain, mais conhecido pelo romance “As aventuras de Tom Sawyer”, em 1876, disse certa vez: “_Em uma boa biblioteca, você sente, de alguma forma misteriosa, que você está absorvendo, através da pele, a sabedoria contida em todos aqueles livros, mesmo sem abri-los.”

É comum encontrar espaços físicos com nomes como Centro de Informação, Setor de Pesquisa e Análise, Coordenação de Gestão da Informação. A biblioteca precisa ser percebida como um lugar que transcende o espaço físico, onde se encontram os suportes da informação adequadamente organizados, mas também como um espaço público e democrático, da pluralidade de ideias e o lugar do debate.

Maurício de Souza Lino,
Bibliotecário,
Historiador,
Professor,
Escritor.



Patronesse Lenyra Camargo Fraccaroli: Bibliotecária, Educadora, Professora, Escritora, Pedagoga -Escola Irene Lopes Sodré.


A pedagoga, professora, educadora e bibliotecária, Lenyra de Arruda Camargo, nasceu no dia 21 de abril de 1906, na cidade de Rio Claro/SP. Filha de delegado de polícia e de dona de casa, participou da Revolução Constitucionalista de 1932. 
Entre 1928 e 1932, Lenyra Camargo Fraccaroli foi aluna da Escola Normal de São Paulo e, teve bom desempenho acadêmico, especialmente nas disciplinas “Pedagogia”, “Psicologia” e “Didática”. Participou de atividades relacionadas à organização e ao funcionamento das atividades que eram realizadas na Biblioteca Infantil anexa a essa instituição.
Lenyra Camargo Fraccaroli casou-se com Raul João Paulo Fraccaroli, com qual teve sua filha Dulce Fraccaroli Franco, presumivelmente, antes de mudar-se para São Paulo, capital, no ano de 1928.

Em 1935 ministrou aulas de Biblioteconomia a Inspetores, Diretores e Professores de Curso de Férias instituído pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Foi nessa cidade onde realizou seus estudos primários e onde, possivelmente, teve despertado seu interesse pela leitura e pelos livros, que influenciaram, anos mais tarde, suas decisões profissionais.

Ainda em 1935 foi convidada pelo então Diretor do Departamento de Cultura de São Paulo Mario de Andrade, para organizar a primeira Biblioteca Infantil do Estado de São Paulo, hoje a Biblioteca Municipal Monteiro Lobato, localizada na capital paulista. Permaneceu dirigindo as atividades desta biblioteca até 1961. Em 1947 a Lenira criou a seção de Braille na Biblioteca, cabendo até uma citação desta implantação no Diário Oficial de São Paulo.

Em 1938, presumivelmente, Lenyra Camargo Fraccaroli iniciou o curso de Biblioteconomia, oferecido na sede da Escola de Sociologia e Política de São Paulo (SP) e diplomou-se no ano de 1940.

Nesse mesmo ano, foi nomeada secretária da Associação Paulista de Bibliotecário (APB) e foi vice-presidente dessa Associação, entre 1952 e 1953.

Em 1949, organizou um curso de Biblioteconomia para professores e substitutos dos grupos escolares de São Paulo.

Em 1950, tornou-se chefe da Divisão de Bibliotecas Infanto-Juvenis do município de São Paulo, o que possibilitou a ampliação do campo de suas ações em prol do leitor, do livro e das bibliotecas.

Entre os anos de 1952 e 1954, tornou-se vice-presidente da Associação Paulista de Bibliotecários (APB), em São Paulo-capital, tendo fomentado a discussão sobre a profissionalização dos bibliotecários e a importância desse profissional nas bibliotecas infantis e bibliotecas escolares.

Lenyra Camargo Fraccaroli participou do 1º. Congresso Brasileiro de Biblioteconomia (CBBD), realizado em Recife (PE), no dia 18 de julho de 1954, no qual apresentou o trabalho intitulado “Bibliotecas Infantis” e criou 1º. Teatro Infantil “Leopoldo Flores”, localizado ao lado da biblioteca infantil da Vila Buarque, localizada na cidade de São Paulo.

Ao longo de sua vida, foi sócia de inúmeras associações assistenciais: Instituto para Cegos “Padre Chico” (IPC) (SP); Sanatorinhos de Campos de Jordão (SP); Cruzada Pró-infância (SP); Liga do Professorado Católico; Liga das Senhoras Católicas (SP).

Devido a sua amizade com Monteiro Lobato, participou de várias homenagens a esse escritor, entre os anos de 1975 e 1976, dentre as quais se destacam: inauguração de um busto de Monteiro Lobato, na Praça de Campos de Jordão (SP); Semana de Lobato, em Tatuapé (SP); Homenagem à Monteiro Lobato, em São Bernardo do Campo (SP).

Em 21 de março de 1978, criou a Academia Brasileira de Literatura Infantil e Juvenil (ABLIJ) em São Paulo-capital, da qual foi Presidente de Honra. Essa Academia estava sediada na sua casa, com objetivo de promover a cultura do idioma e da literatura nacional infantil e juvenil, para a formação da infância e da juventude.

No dia 2 de fevereiro de 1979, promoveu a instalação da Academia Brasileira de Literatura Infantil e Juvenil no Teatro Cultura Artística.

Pelas mãos de ninguém menos que Mário de Andrade Lenyra Camargo Fraccaroli criou a primeira Biblioteca Infantil do Brasil e durante anos de intensa atividade multiplicou bibliotecas por onde passava.

Entre 1982 e 1987, permaneceu atuante em eventos e inauguração de bibliotecas e na formação cultural das crianças.

Em Campos do Jordão, Lenyra Camargo Fraccaroli, no ano de 1982, recebeu a medalha pelo Cinquentenário de Revolução Constitucionalista de 1932; e foi eleita para a Academia de Letras de Campos de Jordão (SP). Foi a fundadora do nosso primeiro espaço de leitura dedicado às crianças, a Biblioteca Infantil Guilherme Monteiro Lobato, criada em 1983, numa inovadora parceria da Academia de Letras com a Prefeitura.

A Escola Irene Lopes Sodré esteve ligada à educação das crianças do Preventório Santa Clara, percorrendo um extenso caminho até chegar, na década de 1980, ao prédio e ao endereço atuais na região de Jaguaribe. A sua biblioteca homenageou Lenyra Camargo Fraccaroli, nos seus 80 anos, quando esteve presente no dia da inauguração em 1986, e cujo retrato pode ser visto ainda hoje no local.

Lenyra Camargo Fraccaroli foi o que seria hoje uma espécie de produtora de cultura, uma “agitadora” no melhor sentido da palavra, empenhada em fazer com que a leitura começasse desde cedo a fazer parte da vida das pessoas.

Segundo Ariane Quintanilha Souza Santos, Pedagoga e Orientadora Disciplinar de Alunos, o acervo da Biblioteca é composto por mais de 4.000 livros, quase 9.000 se levar em conta os paradidáticos. A coleção é bastante variada e permite uma boa caminhada entre as muitas estantes e os displays com títulos em destaque. Atualmente, os livros mais procurados para serem lidos em casa são os de suspense e terror.

O uso da Biblioteca é constantemente estimulado por vários professores através de diferentes programas como, por exemplo, os Cafés Literários. Há também uma simpática premiação para os alunos que mais leem e os que mais levam livros emprestados para casa.

Lenyra Camargo Fraccaroli recebeu inúmeras condecorações por reconhecimentos aos seus trabalhos e pioneirismo na área da cultura. Aposentou-se em 1961 e passou a desenvolver inúmeros trabalhos e pioneirismo na área de cultura.

Faleceu no dia 17 de janeiro de 1991, aos 85 anos, na cidade de São Paulo, deixando vivo um ideal a ser seguido de serviço à cultura brasileira.

Seu trabalho intenso em prol da criação de bibliotecas infantis, com o objetivo de contribuir para a formação cultural das crianças e dos jovens brasileiras, foi reconhecido em vida, tendo recebido inúmeras homenagens e condecorações, que apresento a seguir.


Fontes de Pesquisa:
PASQUIM, Franciele Ruiz. Lenyra Camargo Fraccaroli (1908-1991) na história da Literatura Infantil Brasileira: contribuições de uma bibliotecária educadora/Franciele Ruiz Pasquim. – Marília, 2017.
ABLIJ. Biografia de Lenyra Camargo Fraccaroli (até 31 de agosto de 1983). São Paulo: Academia Brasileira de Literatura Infantil e Juvenil, 23p.
FRACCAROLI, Lenyra. Funcionamento de uma Biblioteca Escolar. Curso de Literatura Infantil. São Paulo, Editora Santos de Oliveira, [1958].
FRACCAROLI, Lenyra Camargo. Bibliografia de literatura infantil em língua portuguesa. 1. ed. São Paulo: Prefeitura do Município de São Paulo; Secretaria de Educação e Cultura, 1953.
ORLANDI, José Oliveira; SILVEIRA, Iracema; FRACCAROLI, Lenira. Boletim n.3: Organização de Bibliothecas Escolares Infantis. São Paulo: Directoria de Ensino; Secretaria da Educação e da Saúde Pública, 1936. 14p.
Biblioteca Infantil “Monteiro Lobato”, de São Paulo (SP).
Carlos Abreu. Grupo ABCJ – Amigos da Biblioteca de Campos do Jordão. Academia de Letras de Campos do Jordão.
Vera Villas Boas – Academia de Letras de Campos do Jordão
 
Links:
https://www.guiacampos.com/.../bibliotecas-de-campos.../2734https://ieccmemorias.wordpress.com/.../lenira-fraccaroli.../
Imagens: Google

Maurício de Souza Lino,
Bibliotecário,
Historiador
Professor,
Escritor.
    


Dia do Bibliotecário - Mediador de Informações – 12 de março

Muito mais do que organizar livros e documentos, o bibliotecário tem em mãos tesouros que ajudam a contar a nossa história. Parabéns a todos os profissionais por este dia.

O grande objetivo do bibliotecário é oportunizar acesso ao conhecimento para o desenvolvimento das pessoas. O bibliotecário é o profissional da informação e do conhecimento, então não há limites para essa atuação: escolas, hospitais, arquivos, na área de pesquisa, porque todas essas áreas necessitam de um profissional que saiba trabalhar a organização e o acesso às informações.

É um profissional de nível superior que tem a função de disponibilizar informações a comunidade, atua em diversas áreas como gerenciamento de acervos, atendimento ao público, gestão da informação. Além de proporcionar a ampliação do conhecimento por meio dos acervos, disponibilizar a informação nos mais diferentes suportes.

São profissionais formados em Biblioteconomia, e que trabalham no gerenciamento das bibliotecas, além de catalogação e indexação de obras literárias. Além disso, os profissionais auxiliam estudantes em escolas e universidades.

A data, 12 de março, foi instituída pelo Decreto nº 84.631, de 9 de abril de 1980, a ser comemorado em todo o território nacional, data do nascimento do bibliotecário, escritor e poeta, Manuel Bastos Tigre,

Manuel bastos Tigre, engenheiro e bibliotecário por vocação, nasceu em 1882. Formou-se em Engenharia, e em 1906 resolveu fazer aperfeiçoamento em eletricidade, no Estados Unidos. Uma vez lá, conheceu o bibliotecário Melvil Dewey, que instituiu o Sistema de Classificação Decimal. Esse encontro foi decisivo na sua vida, porque, em 1915, aos 33 anos de idade, largou a engenharia para trabalhar com a biblioteconomia.

Considerado o primeiro bibliotecário concursado do Brasil, prestou concurso para ingressar no Museu Nacional do Rio de Janeiro como bibliotecário e assim se classificou em primeiro lugar, com o estudo sobre a Classificação Decimal.

Transferido, em 1945, para a Biblioteca Nacional, ficou até 1947, assumindo depois a direção da Biblioteca Central da Universidade do Brasil, na qual trabalhou, mesmo depois de aposentado, junto ao reitor da instituição.

Manuel Bastos Tigre trouxe grande contribuição social e cultural para o Brasil, por isso, a data de seu nascimento celebra o dia daqueles que comungam o mesmo objetivo: disseminar informação e conhecimento a fim promover o desenvolvimento cultural e social do país.


Fontes de Pesquisa:


Wikipédia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_Bibliotecário




Maurício de Souza Lino,
Bibliotecário,
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                                                 A Vida de um Bibliotecário
 
A vida de um bibliotecário é uma jornada dedicada ao conhecimento, à organização e ao acesso à informação. Eles desempenham um papel fundamental na preservação e disseminação do conhecimento em uma sociedade. Aqui estão alguns aspectos da vida de um bibliotecário:
 
Educação e formação: A maioria dos bibliotecários possui um diploma de bacharel em biblioteconomia, ciência da informação ou um campo relacionado. Além disso, muitos bibliotecários também buscam um mestrado em biblioteconomia ou ciência da informação, que fornece uma base sólida em princípios de biblioteconomia, gerenciamento de informações e tecnologia da informação.
 
Gestão de coleções: Um aspecto essencial da vida de um bibliotecário é a gestão de coleções. Eles selecionam, adquirem, organizam e mantêm materiais de leitura, como livros, revistas, jornais, periódicos, e-books, áudio e vídeo. Os bibliotecários devem ter conhecimento das necessidades e interesses da comunidade que atendem, para garantir que suas coleções atendam às demandas dos usuários.
 
Catalogação e classificação: Os bibliotecários são responsáveis por catalogar e classificar os materiais da biblioteca de acordo com padrões e sistemas de classificação internacionais, como a Classificação Decimal de Dewey (CDD) ou o Sistema de Classificação da Library of Congress (LCC). Isso garante que os materiais sejam organizados de forma lógica e facilitem a recuperação da informação pelos usuários.
 
Serviços aos usuários: Um dos principais papéis de um bibliotecário é fornecer serviços e assistência aos usuários da biblioteca. Isso pode incluir ajudar os usuários a encontrar informações relevantes, orientá-los no uso de recursos eletrônicos, oferecer treinamento em habilidades de pesquisa, fornecer serviços de referência e responder a perguntas dos usuários.
 
Gestão da biblioteca: Os bibliotecários também estão envolvidos na gestão geral da biblioteca. Eles supervisionam as operações diárias, como horários de abertura, empréstimo de materiais, manutenção do sistema de gerenciamento da biblioteca, coordenação de atividades e eventos, além de gerenciar equipes de funcionários da biblioteca.
 
Tecnologia da informação: Com o avanço da tecnologia, os bibliotecários desempenham um papel crucial na integração e no uso de recursos tecnológicos nas bibliotecas. Eles lidam com sistemas de gerenciamento de bibliotecas, plataformas de pesquisa online, repositórios digitais, recursos eletrônicos e serviços de acesso remoto. Os bibliotecários também auxiliam os usuários na utilização de computadores, impressoras e outros equipamentos tecnológicos disponíveis na biblioteca.
 
Desenvolvimento profissional: A vida de um bibliotecário é marcada pela busca contínua de desenvolvimento profissional. Eles acompanham as últimas tendências e avanços na área da biblioteconomia, participam de treinamentos, conferências e workshops, e buscam oportunidades de aprimorar suas habilidades e conhecimentos para melhor atender às necessidades dos usuários da biblioteca.
 
Além desses aspectos, é importante mencionar que a vida de um bibliotecário também é repleta de interações com uma ampla gama de pessoas, desde estudantes e pesquisadores até membros da comunidade local. Os bibliotecários desempenham um papel fundamental como facilitadores do acesso à informação, promotores da leitura e defensores do conhecimento em nossa sociedade.

Maurício de Souza Lino,
Bibliotecário,
Historiador,
Professor,
Escritor.

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