Portal

                      
                  Bookstan

Hodiernamente, nas redes sociais, cresce a comunidade literária – e é cunhado o termo “bookstan” (fã de livro), o que gera debates sobre o consumismo inconsciente. Estantes particulares abarrotadas de livros, esteticamente cirúrgicas, reproduzidas de um modelo padrão. O livro é comprado como objeto ou literatura sem senso crítico, colocado num pedestal onde não se pode manuseá-lo livremente.O ato de ler apenas agrega à autoimagem do consumidor-leitor, sobrepondo o prazer do enunciado à enunciação ou vice-versa, sem lhe ser complementar.

Acima de tudo, é sempre privado e acelerado, um quê de “possuir pelo possuir”, um reflexo do capitalismo e da vida na internet. Tudo isso contradiz a 1ª Lei da Biblioteconomia: os livros são para serem usados.

Além disso, vivemos na era da superinformação, da tecnotrônica, da sociedade disruptiva saturada de informações que nada pode distinguir do ruído de fundo geral. Vivemos na era da memória. Não somente pelas nuvens digitais com milhares de fotos, mas às vezes também por um culto ao pretérito, ao vintage, ao retrô, ao clássico. Seja no quesito estético, mercantil, intelectual, social, seja por permanências retrógradas ou demanda por justiça, em meio ao futurismo acelerado do século XXI, a sociedade respira pelo passado, para sentir pertencimento ou dar voz à sua luta. Afinal, essa questão vai de brechós e adaptações cinematográficas de Jane Austen até políticas públicas para redemocratização e pagamentos de débitos históricos.

A explosão de uma cultura baseada em reminiscência, de acordo com a socióloga Elizabeth Jelin, “coexiste e se reforça com a valorização do efêmero, o ritmo rápido, a fragilidade e transitoriedade dos fatos da vida” e “é em parte uma resposta ou reação [...] a uma vida sem âncoras ou raízes”. A História sempre foi vital para a humanidade, e agora isso se dá num sentido muito mais pessoal ou comunitário, e absolutamente cotidiano. Mais importante ainda: para todos, não apenas elites. Para grupos oprimidos, por exemplo, a recuperação e ressignificação de obras seculares – como se faz em A canção de Aquiles (da autora contemporânea estadunidense Madeline Miller) com a Ilíada, de Homero – é um trabalho de memória capaz de dar força e um certo sentimento de validação. Infelizmente, nossos rastros bibliográficos sofrem por censura ou degradação, seja natural ou humana.

Tempo, passado e memória são subjetivos e complexos, construídos por pessoas reais que vivem e sofrem, e suas instituições e organizações. A experiência humana é um emaranhado de vivências, próprias e alheias, sobrepostas, impregnadas, significadas, ressignificadas, perdidas. Infaustamente, esse excesso de passado às vezes vem em forma de esquecimento seletivo, instrumentalizado e manipulado, como ocorre com o crescimento do neonazismo no Brasil e no mundo inteiro. É um suspiro de alegria perceber como a História urge que nos distanciemos do passado aproximando-nos do mesmo. No fim, seja pelo tempo ou pela alienação ou quaisquer coisas mais, não são nossas mentes humanas apenas bibliotecas saqueadas?

 

Referências:

Uma história da leitura (Alberto Manguel)

Philobiblon (Richard de Bury)

Los trabajos de la memoria (Elizabeth Jelin)

Os perigos de ser um exagerado (Editora Dublinense)

A história do 'maior ladrão de livros raros do Brasil' (BBC)

Obras raras roubadas são devolvidas à UFMG (Revista Gestão Universitária)

 

Dia Nacional do Livro

O livro é um meio de comunicação importante no processo de transformação do indivíduo.Ao ler um livro, evoluímos e desenvolvemos a nossa capacidade crítica e criativa. O dia 29 de outubro foi escolhido para ser o “Dia Nacional do Livro”, por ser a data de aniversário da fundação da Biblioteca Nacional, que nasceu com a transferência da Real Biblioteca portuguesa para o Brasil. 

A Biblioteca Nacional foi transferida para o Brasil em 29 de outubro de 1810 e essa passou a ser a data oficial de sua fundação. 

O Brasil passou a editar livros a partir de 1808 quando D. João VI fundou a Imprensa Régia e o primeiro livro editado foi "Marília de Dirceu", de Tomás Antônio Gonzaga.

Maurício de Souza Lino,
Bibliotecário,
Historiador,
Professor,
Escritor.



O Novo Perfil Profissional do Bibliotecário na Era da Informação

O profissional bibliotecário, tem como desafio na Sociedade da Informação e do Conhecimento (S.I.C.), além da formação, ter habilidades e competências exigidas em decorrência das mudanças de paradigmas e do advento da tecnologia, demandando uma nova postura dos profissionais que lidam com a informação.

O profissional Bibliotecário, motor de transformação social, transmissor da cultura, tem como missão social, realizar o exercício da mediação da informação. Seu papel é de agente mediador entre a informação e quem a busca. É necessário saber qual a importância do seu papel social na mediação entre o seu usuário e a informação. Senso crítico e raciocínio lógico são requisitos fundamentais para o novo papel do profissional.

As bibliotecas e os bibliotecários 'trocaram de pele' ao longo de suas históricas existências. De espaço sagrado e apenas reservado para elites religiosas, nobres e intelectuais a lugar de difusão do conhecimento físico e digital, as bibliotecas moldaram profissionais à medida do seu tempo. O Bibliotecário reinventa-se na 'Era Digital' e torna-se Gestor de Dados.

O grande papel do bibliotecário dos equipamentos públicos é o de motivador social. Nesses espaços, chegam pessoas em busca de uma mudança social, seja por meio de um concurso público, seja pelas atividades artísticas.

Numa era em que ainda se discute o futuro do livro físico e a explosão da informação dividida em um trilhão de fragmentos, a função do bibliotecário tornou-se crucial na chamada sociedade do conhecimento. Cabe a ele coletar, reorganizar e restituir esse todo que se pulverizou. Separar o que é realmente significativo para que a história do conhecimento siga seu curso de emancipação da humanidade.

O bibliotecário, como profissional da informação, tem hoje como desafio atender as novas demandas informacionais surgidas com o crescimento do uso da Internet, e pensar novos serviços diante de um mercado cada vez mais tecnológico. Esses desafios poderão ser superados por ele e suas instituições, buscando novas capacitações, conhecimentos em tecnologias e inovando seus serviços.

As profissões são desafiadas no decorrer dos séculos a lidar com o uso das novas tecnologias e com ambientes cada vez mais dinâmicos, criando diferentes perfis de gestão e liderança.

A reinvenção do ofício acabou com o medo da perda de espaço no mercado de trabalho, impulsionado pela revolução digital. Ninguém imagina mais o bibliotecário como aquele romântico organizador de estantes.

Esse profissional pode atuar em repositórios institucionais, em estruturas de ambientes digitais bem como em análise de dados digitais, centros de cultura, recuperação e disseminação da informação em provedores de buscas, projetos sociais de disseminação da informação e da cultura, entre tantos outros.

Maurício de Souza Lino,
Bibliotecário,
Historiador,
Professor,
Escritor.


O Valor Pedagógico das Bibliotecas.

As bibliotecas sempre foram parte da nossa cultura educacional e recreativa. Em épocas passadas, esses espaços eram muito apreciados e usados como lugares de conhecimento universal. Embora hoje em dia existam outros meios de aprendizagem, o seu valor pedagógico não ficou para trás, não pode ser subestimado.

Muitas pessoas têm boas lembranças de longas horas de leitura em sua biblioteca local. Afinal, esse lugar era uma parada obrigatória para curtir uma história tranquilamente, ou então para estudar, pesquisar e consultar informações acadêmicas. 



Hoje ainda existem bibliotecas em todo o mundo, e elas se recusam sucumbir à informação digital. O conhecimento é infinito e, portanto, elas não saem de moda.

Seu valor pedagógico se mantém porque o seu objetivo é ensinar e aprender. Uma grande parte da população mundial se beneficia com as bibliotecas públicas, escolares, universitárias e especializadas. É mais do que um espaço para ler, é um espaço acessível e inclusivo. Isso porque esses lugares promovem a diversidade cultural e os valores de tolerância, respeito e paz.

O sucesso das bibliotecas está no fato de que fornecem informações importantes, principalmente para a comunidade estudantil. Além disso, ajudam os estudantes a desenvolver a sua imaginação e curiosidade intelectual. Assim, o seu valor pedagógico passa pela alfabetização, educação e informação geral.

A UNESCO e a Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA) reconhecem a importância desses lugares de conhecimento comunitário. Afinal, as bibliotecas não apenas oferecem a oportunidade de o leitor formar um pensamento crítico, mas também é um espaço sem imposições de raça, opinião política, nacionalidade, cultura, religião ou pressões comerciais. Portanto, isso as torna um pilar educacional da sociedade.

O valor pedagógico se baseia no fato de que o material didático é adequado e que o usuário tem acesso a determinados recursos. Os conteúdos teóricos e práticos transmitem habilidades físicas, emocionais e cognitivas.

Enfim, diferentes ferramentas para a educação podem ser encontradas. Na biblioteca, o material deve ser selecionado, elaborado e adaptado à realidade e ao ambiente social do indivíduo.

O valor pedagógico das bibliotecas permanece intacto apesar da passagem do tempo. Baseia-se em vários objetivos que incentivam o estudante a atingir suas metas acadêmicas: instigar bons hábitos de leitura e aprendizado; incentivar a valorização dos livros como fonte de conhecimento universal; apoiar o sistema educacional; oferecer entretenimento saudável através do desenvolvimento da imaginação e compreensão da leitura; facilitar o acesso a recursos regionais, nacionais e globais para conhecer ideias, opiniões e experiências multiculturais; organizar projetos para a conscientização e sensibilização de questões sociais; promover a liberdade intelectual para formar cidadãos responsáveis.

As bibliotecas são um espaço para ler, um ambiente acessível e inclusivo. Esses lugares promovem a diversidade cultural e os valores de tolerância, respeito e paz. É atrativa, pois o ato de ler, aprender e pesquisar podem ser praticados desde uma maneira mais descompromissada até mais profissional.

Para facilitar, elas são divididas em seções para crianças, jovens, profissionais, história, quadrinhos e romances, entre muitos outras. Esse espaço ensina as crianças a serem autônomas, disciplinadas e responsáveis, com o sistema de busca e empréstimo de livros.

Além de seus métodos tradicionais, as bibliotecas estão abertas às novas tecnologias de informação. Frequentemente também organizam atividades complementares para diferentes grupos de pessoas. Elas são, acima de tudo, um centro para a experiência de leitura. Por isso, contam com um acervo enorme constituído por coleções de livros e outros materiais, a fim de oferecer uma experiência completa.

A leitura é essencial para melhorar em qualquer área do conhecimento e satisfazer os interesses de cada um. Para isso, existe uma série de ferramentas que facilitam esse processo: empréstimo de livros e revistas, consulta ao bibliotecário, atividades culturais e cursos de formação, uso de computadores com acesso à internet, leituras on-line, baixar documentos em formato eletrônico.

A biblioteca é um lugar onde os jovens vão para buscar conhecimento seja através dos livros ou de outros materiais oferecidos. Seu valor pedagógico não se limita à população estudantil. Na verdade, todos têm acesso a esses serviços.

Estas são as principais razões que podem nos levar à biblioteca:
Educação escolar - compreende o estudo e a formação escolar desde cedo; estudo e aprofundamento para pessoas que já estão trabalhando; tempo de lazer saudável para pessoas de qualquer idade; uso de computadores com internet para consultar informações variadas. Preparo para conseguir emprego e aprender idiomas.

Com tudo isso, fica claro que o valor pedagógico das bibliotecas não é outro senão expandir os horizontes em termos de leitura, comunicação e resolução de problemas. Nesse espaço, as crianças descobrem o amor pela literatura. É um refúgio de conhecimento completamente livre de barreiras ou fronteiras.

Fontes de Pesquisa:

Alejandra Castro Arbeláez
Qual a Importância da Biblioteca Escolar
TAVARES, Denise Fernandes. A biblioteca escolar: conceituação, organização e funcionamento, orientação do leitor e do professor. São Paulo: LISA, 1973.
A Importância da Biblioteca em uma Sociedade




Conheça os heróis por trás das bibliotecas em nossa seção "Bibliotecários", onde destacamos o trabalho inspirador desses profissionais dedicados.

Embarque em uma Jornada Literária com nossas sugestões de livros, resenhas apaixonadas e recomendações para todos os gostos e idades.

Explore Bibliotecas no Mundo e mergulhe na diversidade cultural e arquitetônica desses espaços sagrados do conhecimento.

Descubra Publicações relevantes sobre literatura, biblioteconomia e áreas afins, oferecendo insights valiosos para enriquecer ainda mais sua jornada literária.

E, por fim, explore nossas resenhas de obras literárias, onde compartilhamos nossas opiniões sinceras e análises sobre livros que nos encantaram.

Seja bem-vindo ao "Cantinho do Bibliotecário"! Espero que esse seja um lugar inspirador para você se conectar com o mundo dos livros, desbravar novas narrativas e encontrar um refúgio literário para sua mente e alma. Aproveite essa jornada conosco e aproveite da riqueza que as bibliotecas têm a oferecer!

Maurício de Souza Lino,
Bibliotecário,
Historiador,
Professor,
Escritor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário